domingo, 1 de janeiro de 2012


A grande certeza da vida é apenas a dor. Não se trata de uma visão pessimista de mundo, mas de um fato. Na queda do homem, quando a felicidade até então imperava, mas Adão e Eva abriram mão do paraíso, Deus subjugou toda a continuidade da eternidade no aprendizado e na busca da felicidade. Não que quisesse ele nossa dor, mas porque a dor e o sofrer parecem ser o único caminho para o aprendizado. É difícil reconhecer, porém a eterna busca da alegria é que deve nos tornar melhores. Trata-se de despertar e valorizar cada minuto da própria vida, de sentir cada emoção e se vislumbrar com cada instante de alegria. O certo é que, além disso, tudo é sofrimento. Pode ser decepcionante viver, pode ser duro e até cruel, ou se pode num flerte com o próprio destino redescobrir emoções que só podem ser conhecidas ou reconhecidas no entendimento de si mesmo e de toda a complexidade que exige o viver.
Mas o fato de que falava é que é mais fácil ser infeliz do que feliz, ou na melhor das hipóteses deixar-se levar pelos dias como se tudo estivesse bem. Assim fazem a maioria dos viventes, fazem o mundo sem consciência de si. Cada dia é mais um e depois dele haverá outro, mais outro e mais outro. Como um piloto automático na pretensa racionalidade existe uma irracionalidade de negar a finitude. Talvez por isso o primeiro e único sinal de vida naturalmente esperado quando viemos ao mundo seja o próprio choro e, no entanto, a partir daí, somos educados a não chorar, não reclamar o que pretendemos de fato. Quando crianças nosso choro incomoda aos adultos, meninos não podem chorar nunca, meninas quando choram é porque são sentimentais em demasia. Existe muito mais nesse diálogo, o choro é o clamor do sofrer ou do desejo, e a manifestação dele é simplesmente inadmissível neste mundo projetado na hipocrisia do não ser para ser aceito. É insuportável ao mundo manifestarmos o querer, o sentir, e o querer e o sentir remetem ao sofrer quando não alcançados. O que se depreende disso é que nos mantemos num círculo vicioso em que emoções não vividas e sentimentos reprimidos inevitavelmente nos levam ao princípio de tudo, grande certeza da vida é apenas a dor. Não se trata de uma visão pessimista de mundo, mas de um fato e, num flerte com o próprio destino, é que podemos redescobrir emoções que só podem ser conhecidas ou reconhecidas no entendimento de si mesmo e de toda a complexidade que exige o viver.

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