quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Não há como seguir a mesma rotina...
...não há como prosseguir naquilo que se traçou.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Como...

Como calar o vazio
que grita e esperneia
a falta dos aromas e do tato
a falta o ser que substituível?

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Como...

Como sufocar a ira
dos olhos que vislumbram a vida
que num minuto se intensifica
noutro se finda?

domingo, 27 de setembro de 2009

sábado, 26 de setembro de 2009

Felicidade

Que és tu que sempre me afronta
Tão perto, tão longe
Tão constante e tão ausente
Quem és tu que te regozijas à minha volta
Mas que de mim zomba e não conforta
Quem és
Donde vens e onde estás
No ou do passado sempre presente
Ou no presente sempre futuro
Talvez não existas
Apenas insistas em atormentar-me com ilusões
De que um dia se fará
Como o calor do sol ou brilho da lua
Que podem até esconder-se por vezes
Mas mesmo abstrusos e
Inócuos, sabemos que estão lá

sexta-feira, 25 de setembro de 2009


PROCURA-SE:
não alguém que substitua o insubstituível,
mas um final feliz...
riso, dança, poesia, vida...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

XXI - cessaram os versos...

Cessaram os versos
Não há nenhuma inspiração
Ela se foi no dia de tua partida
E inundaram-me com dúvidas
(o próprio porquê de mim mesma)
Depois Não partiu (apenas partiu minha alma)
mas revelou que o faria a qualquer hora necessária
Com dor
mas sem rancor
nem temor
A verdade estapeou-me tirando-me do eu contigo
E levou-me para o inferno do eu sem você
Éramos unos
Indestrutíveis
Infinitos
e era bela minha crença
Mas desfaleceu-se meu deus
Meu herói
Mostrara-me a finitude
a subtração sentimental
a divisão da matéria
e a existência do espaço corpóreo
leis físicas, cósmicas que passei a ignorar com tua chegada
Não posso mais respirar sem sentir o odor do fatídico
Como um fétido moribundo aguardando o fim
Vivendo crepúsculo por crepúsculo
Maculada por esperar que depois da noite meu sol não reapareça
Ao menos não para meus olhos

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

XX - chiesi...

Chiesi a Dio
perchè potesse riconquistare o amore
Chiesi perchè veramente amavo
cosi, in questo modo anche potrebbe sognhare
fu questo la richiesta che feci
quando a soffio che usciri de miei labbros
Spense la fiamma da paraffina
che brillò in mia luce
e bruciò nella bambina dei miei occhi
in mio petto
in anima
in mio sogno giovane
Lei mi concesse la richiesta
amai...
amar fino, il bene più
che imaginava fossi capace
Fu puro il nettare.
niente ---------, esista di saliente
Fu omogeneo, uniforme e transparente
tanto
che se misturò al mio sangue
e se unì in mia carne
ocupò ogni spazio de cellula.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

XIX - cegueira...

Perdi,
Deixei de lado definitivamente a razão
E na escuridão das minhas emoções
deixei-me orientar pelas sensações como um cego
Desde então,
senti de forma intensa e inusitada,
o adocicado perfume das flores
mesclando-se com o tenro e funesto cheiro da terra;
e a textura da rocha contrapondo-se à seda
Ouvi bem melhor o som do vento
e encontrei música
no que antes me parecia apenas barulho
Perdi a luz dos olhos meus
mas assim pude ouvir o palpitar do meu coração
E no breu, e na incerteza dos meus sentimentos,
descobri um novo mundo
Perdi o domínio da mente
Mas recuperei minha alma.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

XVIII - tenho receio...

Tenho receio da lembrança
Não que me recorde do tempo antes da primavera
Minha memória é simplória
Onde poderiam haver doces ou cruéis lembranças
Há apenas o nada
Talvez porque o nada é o que melhor exprima o meu não ter porque lembrar
Tenho medo desta solidão que me ronda
E me recuso a encontrá-la
Porque a primavera me trouxe calor
E perfume
E orvalho
Calor proximidade
Perfume pele
Orvalho em suor
Ser, estar, crer, amar, realizar
Mil verbos pudesse conjugar
Mil conjugações faria
E mesmo que ao pó retornasse
Milhões de vezes ao verbo daria forma
Porque na primavera se fez forma o verbo
E todo o resto se esvaiu no infinito do não importar

domingo, 20 de setembro de 2009

XVII - bom mesmo...

Bom mesmo seria poder desvelar teu semblante todos os dias
aspirando-lhe todo o sentimento oculto
entre os traços que o tempo acentuou
inspirando-lhe ternura ao acariciar tua face
e despertar volúpia ao beijar tua boca

sábado, 19 de setembro de 2009

XVI - limite...

Como me parece cruel a vã forma da qual sou prisioneira
pois quisera eu ao menos hoje
ser noite para contemplar teu sono
sereno para tocar tua face
brisa para acariciar teus cabelos
e o próprio ar
para vestir-te de mim

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

XV - nos dias em que a chuva cai...

Nos dias em que a chuva cai
o Rio deseja encontrar o Mar
E o Mar alegra-se
por que só assim poderá degustar das doces águas do Rio
Oh, e como lhe parecem doces as águas deste Rio
Mas aos poucos a chuva cessou
deixando lentamente as águas do Rio
de unir-se ao salgado Mar
E...
... se de um lado ao sentir o Seu doce
mais salgado reconheceu-se o Mar,
por outro,
o rápido encontro deu-lhe ânimo
para exaurir-se em vapor e
como nuvem zelar pelo seu Rio...
e aguarda o Mar o dia em que o sol terá piedade do seu solitário contemplar
e agregando-lhe mais vapores
fazer com que se unam novamente Rio e Mar
Eis que como o esperado, o sol viu o Mar melancólico com a chegada do verão
Já que pouca chuva há nesta estação
confortando-lhe então explicou
- que nas altas nuvens não só estava o vapor das águas suas,
mas também o das águas do Rio que o alimenta.
- e que Mar e Rio estavam juntos,
abrandando o calor com sombra
ou saciando a fome da terra;
Depois deste dia não se ouviu mais lamento
Todo dia ...
... ensolarado, nublado ou chuvoso é belo...
... porque entendeu-se que toda vinda ou ida
é sempre um recomeço

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

XIV - ...

Sou o toque ardente que passa em teu corpo...
...ópio que embriaga os sentidos da razão
e água fresca que mata a sede da tua alma
e como refere o poeta:
"Metade inteira
Dor contente
Puro riso"

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

XIII- eu te prometo...

Eu te prometo
Eu posso te prometer
Eu te prometo o que na verdade o tempo já fez
Não soltas promessas
Mas provas concretas
Te amei enquanto nascia o sol, e continuei mesmo quando ele se pôs
Meu amor sempre foi transcendental
te amei em vida
e durante a passagem
E das tantas vezes que estive junto a ti (matéria ou não)
Não houve espécie alguma de laço que não te dispusesse amor ou zelo
Foram tantas formas e expressões
e sempre foi amor que te dispus
Ouvi teu riso, teu choro, teu chamado
e aqui estou
Pra ti, por ti
Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza
Assim como promete a jovem nubente
Prometo e disponho-me a ti
Mas minha promessa não se transfigura num simples e mortal voto
Porque sabemos nós que nem a morte em todas as suas formas e verdades
Foi ou será capaz de separar o meu espírito do teu
Por esta mesma razão
Não há tristeza profunda que possa se abrigar definitivamente em meu seio
ou saudade
que possa atormentar minha alma por longo tempo
Veja que o sol já se escondeu para dar graça às estrelas no infinito negro do céu
Do mesmo modo como tu dás brilho aos olhos meus
O véu da noite acalanta e guarda os amantes
Ela é nossa confidente
Até o vento cessou para que sua melodia ao embalar as folhas
não rompa o misericordioso silêncio deste momento
que dá fulgor e tom ao coração que bate alegre em meu peito
Em verdade
não tenho recordação alguma das idas e vindas de nós
Mas teus olhos me recordam toda a ternura e amor
que só um ser imortal pode acumular em milhares de vidas
e despertam o único e evidente desejo que uma vã forma mortal o poderia
Que não digas adeus tão cedo
ou que ao menos aguardes a primavera
para que desta vez possa eu partir contigo
meu eterno amor.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

XII - confesso-te em epopéia...

Na noite gélida eu nasci
Desde já eram rorídulas as poucas lágrimas que tinha
E como era cria do inverno junino
Equiparei meu sangue às frias gotas de orvalho
Assim
meio réptil meio humana
Rastejei pelos dias
E me escondi na escuridão das noites
Tanto tempo ocultei minha alma
Que cheguei a acreditar não ter uma
Conheci rostos, nada mais
Escutei risos e choros
não soube ao certo o que significavam
Não senti dor profunda
talvez por isso o tempo tenha mutilado com voracidade meus pensamentos
que eram sábios
mas não tinham compaixão
que eram fiéis
mas ausentes de eficácia

Conheci como ninguém a alma humana
mas nunca a vivi
Me perdi na racionalidade
Apenas sobrevivi
E desejei que cada dia se contorcesse veloz
no ímpeto
agradeci por ser menos um
e amaldiçoei o amanhecer apesar de me encantar com seu espetáculo de cores
Soube de tantas coisas
E nenhuma conheci que me trouxesse alegria
só êxtase momentâneo
Saboreei cada pedaço de vida
Mas tudo que quis foi gastá-la
e gastando-a encontrar o fim vital
nada me parecia tão doce quanto o encontro com Maat

Tudo em mim gritava desesperadamente
no silêncio que aumentava em meu peito
Só a fisiologia animava meu corpo
Meu espírito de fato não habitava em mim
Estava tão longínquo
fraco
opaco
pedante
sombrio
Vivi sem viver
Morria sem morrer
Morria por viver
Vaguei por muitas milhas
Sem saber ao certo porque ainda caminhava rumo ao incerto
Não trazia bagagem
Tudo que tive deixei no mesmo lugar onde adquiri
Não acumulei fardos
Viver era meu próprio fardo

Meu vazio aumentava
Na proporção em que se dava conta de si mesmo
Nada importava
Se não cultivar minha própria desgraça
Por covardia talvez?!
Certo é que me faltaram motivos
Ignorei respostas e indagações e
Na ignorância da minha própria busca
Não vi placas nem sinais de esperança
por fim
Encontrei a finitude de mim mesma
e mesmo sem saber o que buscava
a reconheci no momento que vi
Contudo
ao contrário do que se possa supor
e do que eu mesma acreditava
minha finitude se encerra no meu próprio começo e recomeço
finaliza meu tédio crescente

é sim minha plenitude
que se refaz
se humaniza
chora
ri
ama
traz minha alma de volta ao corpo
e sente:
todas as cores
todos os aromas
toda a vida que envolve meu ser
toda intensidade do calor que um ser pode sentir
mas que vem de dentro
do íntimo que se abre e se harmoniza com o mundo
Minha finitude se encerra na completude
do meu encontro contigo
Encontrei minha plenitude em ti
E como retornando ao verbo criador
senti finalmente a alegria de ser uno e não apenas um

Como já disse em verso:
Ainda me lembro do dia em que
o pouco de luz que havia em mim se encantou pelo que havia de negro em teus olhos
e o que havia da mais profunda escuridão em mim se apaixonou pela tua luz
 
Hoje
resolvi contar
Não por vaidade
e nem por desabafo
mas pela simples ânsia de manifestar o que sinto:
- Há um amor em mim que se multiplica
e que se sufoca por tão grande que é
Precisa explodir
Exaurir-se de amar
e a verdade
é que quanto mais ama ...
... mais aumenta
mais constrange a razão e se entrega...
... a mais cândida e perfeita forma de sentir

O amor trepida minha alma
e canta com tanto fervor que evaporam-se todos os pesares
todas as dúvidas
todos os preconceitos
Há tanto amor em mim
e não existem latitudes ou longitudes
pois há um "quê" transcendental que ignora o tempo e a matéria
que clama apenas por poder dar amor
e que se alegra quando reflete em si mesmo
Que respira,
bebe,
degusta apenas amor
Que transpira amor
Que vive para o amor
Algo de esplendoroso se faz em meu peito
e se regozija quando tua face mira
minha cálida e até então hepática alma

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

XI - confissão...

Ainda me lembro do dia em que percebi uma mistura de luz e sombra estonteantes em teu olhar
Do dia em que o que há de luz em mim se encantou pelo que havia de escuridão em ti
E o que havia do mais profundo negro em minha alma ansiou desesperadamente pela tua luz
Desde aquele dia sinto-me aspirando o ar numa noite primaveril
Onde o perfume dos jasmins é tão inebriante
E o silêncio da própria noite é desesperador
E, desde aquele dia, tenho lutado
Luto todos os dias
... para querer-te um pouco menos
... sentir-te um pouco menos
... amar-te um pouco menos
Tentei matar-te um pouco todos os dias
Mesmo sabendo que ao fazer atentava contra mim mesma,
já que privar-me de ti é o mesmo que negar ar aos meus pulmões
Mas tentei fazê-lo
E quanto mais tentei
Mais incapaz me senti
E quando me vi a desenhar teus traços um a um
Vi quão vã minha tentativa

No primeiro instante
Senti-me como um suicida que fracassou
Um pouco aliviado e feliz com o próprio fracasso
Um pouco melancólico por ainda do mesmo modo viver
Depois...
... um tanto nietzscheana
descobrindo tanto amor na própria negação
Nunca ousei pensar amar tanto
Nunca imaginei que o amor pudesse não doer
... não machucar
... não exigir
... não questionar
... apenas agradecer pelo privilégio de existir
Mas confesso que por amar sem exigir
Sufoco todos os dias o querer
Apenas me conformo com o não poder
Confesso que não tento mais não pensar...
... ou menos te amar
Apenas aguardo o dia em que...
- quando racionalizar finalmente que não posso publicar meu amor -
... também conformar-me-ei com tua ausência

domingo, 13 de setembro de 2009

X - ...

A criação foi afastada do criador
e assim não mais "é"
Apenas "está"
não se reconhece
não se sente
Ontem o verbo se fez carne
e hoje não voltou ao pó
mas se reduz a verbo

sábado, 12 de setembro de 2009

IX - hoje não se fez pó a matéria...

Hoje não se fez pó a matéria
(por que ainda existe)
Hoje ela voltou a ser apenas verbo
(porque se perdeu da sua essência criadora)
Não morreu,
Mas pereceu
(e pereceu porque calou)
Não sente
(o sopro de vida não lhe toca mais)
Chora sim o próprio destino
e como não existe mais uma só fagulha de calor em seu ser
o frio faz gélidas as suas lágrimas
São cristais gélidos e rorídulos que lhe saem dos olhos
marcando a face ressequida
sem cor
sem brilho
sem expressão
sem amor

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

VIII - my...

Minha força, meu prazer
Meu prêmio
pelo percurso árduo e solitário que transcorri para aqui estar
Meu lugar secreto
onde escondem-se todos os risos e lágrimas sinceras
e onde meu melhor e o meu pior podem revelar-se
O começo e o fim de toda minha inspiração
Que se faz e se esvai com um simples sopro teu
Meu próprio começo e fim
Minha vida
Meu amor

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

VII - diálogos...

Lindos trigais embalam meus sonhos...
e como uma canção alegre
levam minha alma a singrar teu mares
Sopram os ventos fugidos do outono passado
trazendo o perfume que exala de ti,
aquecendo o gélido hálito do inverno
trazendo a certeza de tudo o que vivi,
soluços, risos, cantos e lamentos
No silêncio cálido desta noite
danço o êxtase da vida sobre a morte
Juntos celebramos esta aurora
exaurindo-se no encanto do uno em si mesmos
Completa em nós o que não se cala
e o que não se grita, apenas sente
E sente o que sempre esteve em m'alma
o que sempre foi a própria alma
teu toque... teu cheiro... teus olhos...
a mirar-me profundamente

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

VI - quão inusitada constatação...

Quão inusitada constatação
Eu,
que sempre amei
e procurei a sabedoria,
de repente
invejo a ignorância.
Assim como
o fogo deseja ser sol
e o sol
deseja apenas dar brilho a lua

... é fato

se eu não tivesse conhecido o amor verdadeiro, muita dor também eu teria deixado de sentir. Contudo, ainda assim, acredito que mais vale sofrer por algo que se teve e se perdeu do que passar os dias contemplando o vazio em si mesmo. Fui plena e, por mais que doa a ausência sinto-me privilegiada, pois fui tão impregnada de sentimentos intensos que nem a morte foi capaz de suprimir tudo que há em minha alma. Não tenho o calor do corpo mas tenho o espírito que habita tudo a minha volta.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

V - você tem...

a suavidade da brisa sob o meu trigal...
Acalentando minhas múltiplas formas...
Entre teus braços fico
ignorando o mundo
Que parece ter inveja do amor que te tenho
pois persiste em levá-lo para longe

...

com certeza era inveja...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

IV - eis o maior de todos os paradoxos...

Vivo como enfermo
que despido dos movimentos aguarda o algodão
embebido de água que gentilmente lhe roça os lábios
Água, que não mata a sede
nem alivia o desejo
mas permite Sobreviver,
Sim,
pois viver sem ao menos o mínimo de ti é condenar-se a morrer e,
assim como a água está em todo o meu corpo,
tudo em mim é feito de ti.
Não há um só pensamento que não te dedique
e lágrima ou sorrir
que não transborde meu amor
com teu vir,
minha primavera se faz
já que enches a tudo de cores e vida
mas gelam os dias
e aumentam as solitárias noites,
no inverno que surge da tua ausência.
Eis o maior de todos os paradoxos
Encontrei em ti a plena e infinda felicidade
e,
na distância entre nossos olhos
a dor maior.

...premonição

Lendo tudo que escrevi, percebo que no fundo, talvez eu sempre soubesse que ficaria só no final. Pois não importava o quanto eu esperneasse o medo da perda sempre me rondou. Era felicidade demais para ser tão simples e duradoura.

domingo, 6 de setembro de 2009

III - a Paz...

Encontrei-te...
nas brancas espumas das ondas que se desfazem com uma ingênua brisa
e no sabor salmoura que o mar me propôs à vida
e no beijo suado do vento que percorreu o mundo
e nas areias que arranharam minha pele na tentativa de me confortar

trazendo-me mais inquietude

Encontrei-te...
na rocha que contemplava o céu nostálgica e fascinada
pois mesmo em matéria, sendo tão celeste...
quisera o Criador que justo ela não fosse estrela
condenando-lhe à inércia da mãe terra

Encontrei-te...
no abraço amado
e no vazio de não ter a quem abraçar
na explosão da vida
e na depreciação da matéria

Encontrei-te quando não queria
e a tive quando acreditava não a ter

... na guerra

a maior de todas as calmarias é aquela que se dá quando se confia que se ama e se é amado, mesmo que até deus pareça ser contra. Creio que fosse apenas inveja...

sábado, 5 de setembro de 2009

II - narciso...

Narciso não reconhece mais o próprio rosto
E mesmo diante do espelho não se vê
É apenas reflexo
Talvez porque não ame tanto a si próprio
doutro sim,
ame o espelho
por ser o único a vê-lo como de fato é
e refletindo-o como é
deixa-o ser o que é.

... se ser no outro

Sempre me impressionou o quanto éramos parecidos. Alguns poderiam até dizer tratar-se de um caso de narcisismo mútuo. De fato, éramos tão iguais que nossas poucas diferenças se complementavam, e no restante, simplesmente podíamos ser o que fôssemos sem medo de constrangimentos.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

I - não desejo...

Minh'alma continua a sentir-te,
e de te sentir sempre tanto,
eis que desejo ignorar-te,
para te ignorando
não desejar sentir-te tão corpóreo.

...saudades

Como começar a contar o que se sente? É difícil explicar o próprio vazio, o nada habita meu coração, faz um mês e 10 dias. No dia 04 de agosto a essa hora eu já rezava para que a dor não sufocasse mais meu espírito. É difícil crer que depois de tanto lutar quisesse eu entregar as armas ao inimigo, e que o ato de rendição me parecesse tão mais sublime do que o sofrimento daquele que tanto amava.
O amor faz a perda ser mais fácil se for para cessar a dor do objeto amado, não importa quão profundo o abismo da solidão que nos aguarda.