segunda-feira, 21 de setembro de 2009

XVIII - tenho receio...

Tenho receio da lembrança
Não que me recorde do tempo antes da primavera
Minha memória é simplória
Onde poderiam haver doces ou cruéis lembranças
Há apenas o nada
Talvez porque o nada é o que melhor exprima o meu não ter porque lembrar
Tenho medo desta solidão que me ronda
E me recuso a encontrá-la
Porque a primavera me trouxe calor
E perfume
E orvalho
Calor proximidade
Perfume pele
Orvalho em suor
Ser, estar, crer, amar, realizar
Mil verbos pudesse conjugar
Mil conjugações faria
E mesmo que ao pó retornasse
Milhões de vezes ao verbo daria forma
Porque na primavera se fez forma o verbo
E todo o resto se esvaiu no infinito do não importar