quarta-feira, 4 de abril de 2012

Cantei com a melodia do zunir do sopro do vento
Dancei no ritmo frenético das folhas ao vento
E quando supus estarem atentas as flores da cerejeira
Sorri o riso do adeus
Entoei a balada do choro contido
Embalei-me na marcha do sentir bandido
Te cantei os meus versos, meus versos e meus restos de felicidade
Te compus o poema do choro e do riso que não me dão paz
Te escrevi o sentido daquilo sentido que não tenho mais.

Caminhei sobre pedras concretas de concreta realidade
De desesperanças morridas então fugidas da minha bondade
Corri entre os caminhos tão retos que tortos ficaram
Me escondi onde o vento do vento 
e o sopro do vento não mais me atacam
E escorri todo encanto do canto dos versos que te fiz
E cessei toda dança com a desesperança que me permiti afligir

domingo, 1 de janeiro de 2012


A grande certeza da vida é apenas a dor. Não se trata de uma visão pessimista de mundo, mas de um fato. Na queda do homem, quando a felicidade até então imperava, mas Adão e Eva abriram mão do paraíso, Deus subjugou toda a continuidade da eternidade no aprendizado e na busca da felicidade. Não que quisesse ele nossa dor, mas porque a dor e o sofrer parecem ser o único caminho para o aprendizado. É difícil reconhecer, porém a eterna busca da alegria é que deve nos tornar melhores. Trata-se de despertar e valorizar cada minuto da própria vida, de sentir cada emoção e se vislumbrar com cada instante de alegria. O certo é que, além disso, tudo é sofrimento. Pode ser decepcionante viver, pode ser duro e até cruel, ou se pode num flerte com o próprio destino redescobrir emoções que só podem ser conhecidas ou reconhecidas no entendimento de si mesmo e de toda a complexidade que exige o viver.
Mas o fato de que falava é que é mais fácil ser infeliz do que feliz, ou na melhor das hipóteses deixar-se levar pelos dias como se tudo estivesse bem. Assim fazem a maioria dos viventes, fazem o mundo sem consciência de si. Cada dia é mais um e depois dele haverá outro, mais outro e mais outro. Como um piloto automático na pretensa racionalidade existe uma irracionalidade de negar a finitude. Talvez por isso o primeiro e único sinal de vida naturalmente esperado quando viemos ao mundo seja o próprio choro e, no entanto, a partir daí, somos educados a não chorar, não reclamar o que pretendemos de fato. Quando crianças nosso choro incomoda aos adultos, meninos não podem chorar nunca, meninas quando choram é porque são sentimentais em demasia. Existe muito mais nesse diálogo, o choro é o clamor do sofrer ou do desejo, e a manifestação dele é simplesmente inadmissível neste mundo projetado na hipocrisia do não ser para ser aceito. É insuportável ao mundo manifestarmos o querer, o sentir, e o querer e o sentir remetem ao sofrer quando não alcançados. O que se depreende disso é que nos mantemos num círculo vicioso em que emoções não vividas e sentimentos reprimidos inevitavelmente nos levam ao princípio de tudo, grande certeza da vida é apenas a dor. Não se trata de uma visão pessimista de mundo, mas de um fato e, num flerte com o próprio destino, é que podemos redescobrir emoções que só podem ser conhecidas ou reconhecidas no entendimento de si mesmo e de toda a complexidade que exige o viver.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

...

Há quem diga que saudade é saudade, mas creio existirem saudades piores.
Pois sim, piores são as saudades daqueles com quem não conseguimos experimentar os fracassos das relações. Daqueles de cuja vida só sorvemos as delícias do convívio e, mesmo supondo que todos possuímos defeitos, ainda assim, não tivemos tempo de conhecê-las.

Pois sim, os defeitos que limitariam tais pessoas aos patamares de meros mortais, humanos simplesmente, uma vez ignorados, os elevam a seres celestes, perfeitos, cuja vida deu-se como um sopro divino apenas para iluminar por um instante a vida dos que ficaram.
E, mostrando-se como um privilégio o convívio consigo só faz aumentar o sentimento que defino como sendo a pior das saudades.

Tenho?!!

Tenho amor em meu peito
e é só amor que tenho

um amor que aumenta exponencialmente o vazio dos meus braços
a saudade dos abraços
causados pela inquietude dos laços...

sábado, 27 de agosto de 2011

Há um quê de tristeza em cada encontro


Há um quê de tristeza em cada encontro,
um lamento premonitório
de sentir-se pequeno tempo e matéria

Se chegas,
sinto cada instante como o último
Se vais,
cada segundo é o primeiro,
pois à distancia não me afeiçoo

Há um quê de tristeza em cada encontro,
pois cada encontro remete também a uma nova espera

Se vais longe,
leva contigo o som do riso e o vibrar dos ares
em cada suspiro une força ao vento e manda por ele os cheiros que encontras pelo caminho
           como prenúncio de tua chegada.
           manda também os sonhos e a música que gritam a tua poesia
                      para que em versos prepare meu espírito

Pois se vais,
cada segundo é o primeiro,
           pois à distancia não me afeiçoo

mas quando chegas,
           vivo cada instante como o último

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

retomando o verso antigo...

Minha alma que clamava liberdade e rumava a barlavento, lamenta o arenoso deserto de sentir-se pleno.

Estão secas estas minhas mãos calejadas dos abraços que guardo para ti e, no singrar destes versos, deponho suspiros eufóricos da vida que corre e se apazigua em mim.

De repente não me sou, sou luz espelhada da tua face divina como mera estrela branca.

Sou vida corrente por teu existir ou simplesmente por tua espera.

Não há temor maior em meu peito que tua ausência, e somente aquilo que chamam de saudade me atormenta.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

para mim...

“Queria dentro da minha resistente solidão não me sentir tão acompanhado,

Pelos meus fantasmas, meus apegos, meus antigos desejos…
Se a finitude me acompanha
me sinto sozinho…
Se você me acompanha,
a solidão se sente só,
a finitude se esvai,
meus outros temores não existem
Então, teu abraço procuro
e no silêncio de minha solidão
sinto teu amor e isso me basta”

(João Telmo Vieira)